Aline Wirley venceu não só uma das mais longas provas do ‘BBB23’, como chegou ao final da resistência de 100 dias na segunda colocação. Ao longo da temporada, a cantora viveu altos e baixos. A participante se viu confusa em alguns momentos, apontou e foi apontada; viveu a experiência de ter sua música lançada de surpresa no reality; e fez amizades que considera fundamentais para seu resultado no programa. “Não faria absolutamente nada de diferente. Eu sou a vice-campeã. Nós entramos em 22 pessoas; eu olhava e achava que ia dar tudo errado. Chegar nesse lugar com consciência e me reconhecendo em cada passo que eu dei, é muito valioso”, observa. A agora ex-sister disputou a preferência popular contra as aliadas Amanda e Bruna Griphao e, nesta terça-feira, dia 25, ganhou a segunda colocação da temporada, com 16,96% dos votos, levando para casa o prêmio de R$ 150 mil.
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A seguir, Aline Wirley conta os aprendizados que leva do programa, fala sobre amizades e conflitos que teve no confinamento e detalha o que foi essencial para conquistar o segundo lugar no pódio do ‘BBB 23’.
Você foi a 2° colocada do ‘BBB 23’. O que acha que a fez chegar tão longe na disputa?
Eu ainda estou entendendo tudo, não tem nem 24 horas que saí da casa (risos). Eu acabei de chegar em casa, estou com a minha família e com as pessoas que me amam, tentando entender tudo que aconteceu para eu chegar até aqui. Mas o que mais fica para mim é que eu fui a Aline, que foi o meu propósito e uma das coisas que eu mais quis levar lá para dentro. E não foi fácil, estar no BBB é muito difícil. O que me traz até aqui é ser quem eu sou e as alianças que eu fiz. As dinâmicas também vão te levando para a final: um paredão, uma prova do anjo, uma liderança em um momento importante. Muitas coisas me trouxeram até aqui, mas, primordialmente, eu quero acreditar que ser quem eu sou é o que me faz ser a vice-campeã do ‘BBB 23’.
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Você foi fiel às alianças que estabeleceu nos primeiros dias do BBB. Qual foi a importância delas durante o confinamento?
As alianças foram fundamentais. Eu sou uma pessoa que me conecto com pessoas e o BBB é um jogo de relações. Por mais que a gente entenda que é um jogo estratégico e que tem a dinâmica, para mim é um jogo de relações, então as alianças que eu fiz durante o programa foram muito importantes. Por exemplo, a Amanda é uma pessoa com quem eu me conectei desde sempre. A gente se amou, se acolheu e se viu em um lugar das nossas fragilidades, de não conseguir nos posicionar, pois estávamos em um elenco muito falante e que apontava muito. Então, a gente se conectou em um lugar de muito afeto. Eu acredito que é o que nos traz até aqui. Estar em uma final e encerrar o BBB ao lado da minha amiga é uma coisa muito valiosa. O BBB, além de ser um programa de entretenimento, acessa lugares muito profundos, não só para quem está vivendo lá dentro, mas para quem está aqui fora. Estou muito feliz com tudo que eu realizei.
Qual era sua estratégia para levar o prêmio? Acredita que o grupo foi importante para desempenhá-la?
Eu assisto ao BBB na TV. Então, eu não tive uma estratégia, de fato. E durante um bom tempo do programa eu me confundi muito. Eu achava que estava tudo errado porque eu não sei jogar. Durante algum tempo, isso foi um problema para mim. Mas, no decorrer do programa, eu encontrei pessoas que me ajudaram nesse caminho. Eu consegui ouvir e entender. Quando a Larissa começou a puxar jogo, eu comecei a entender mais. É um jogo de relacionamentos, mas também de estratégia e coisas que te confundem. Então, eu não tive uma estratégia, eu tive as minhas percepções do que eu podia fazer naquele momento e como eu podia lidar com aquilo.
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Em algum momento pensou em formar alianças com outras pessoas além das do quarto Deserto?
É complicado dizer assim. Eu me apaixonei por todo mundo do quarto Deserto. A gente tinha uma conexão e era fácil a gente jogar lá. Mas, por exemplo, a Sarah, que era do outro quarto, é uma mulher que eu admiro muito e com quem me conectei em lugares muito íntimos quando eu precisava de apoio e de conselhos, principalmente no lugar de mulher preta. Mas é muito louco, porque o jogo já estava estabelecido, ela já tinha afetos e jogava no Fundo do Mar, assim como eu fazia no quarto Deserto. Então, isso ficou complicado. Mas como foi tudo muito dividido, acabou acontecendo desta maneira. A Sarinha é uma pessoa que, do fundo do coração, eu trago para além de jogo. Eu a amo muito, tenho afeto e quero muito bem.
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Sua relação com a Sarah foi de altos e baixos: vocês tinham afeto uma pela outra, mas eram adversárias no game. Como foi lidar com essa situação na casa? Algum momento passou pela sua cabeça jogar com ela?
O BBB foi muito definido pelos grupos. Primeiro porque a gente entrou em dupla e, depois, por conta dos quartos. Eu e a Sarah nos conectamos dentro do jogo para além do jogo. Lá no começo, quando ela votou em mim, eu sabia que era do jogo e que a dinâmica pressionava a gente a esse lugar; nunca vi como uma coisa pessoal. Eu não vejo a gente se procurando no jogo, mas se procurando para se apoiar como mulheres pretas se olhando, se ouvindo, se amando. E esse lugar é lindo. Tanto eu, como ela queríamos ter a oportunidade de jogar o jogo. Então, ela fez as escolhas dela, eu fiz as minhas escolhas e a gente jogou. E acho que isso fala muito sobre como a gente acredita que deve ser a dinâmica de jogar o BBB. Mulheres se amando e se acolhendo e, às vezes, discordando. Não é porque somos mulheres pretas que temos que concordar com tudo, mas a gente se acolhe. Isso para mim foi o mais importante na relação com a Sarah. Toda vez que eu tiver a oportunidade, vou falar da mulher incrível que ela é e o quanto que ela foi importante para mim nessa trajetória.
Quais você considera seus melhores momentos no BBB e por quê?
As minhas provas de resistência e a liderança falam muito sobre mim. Eu tenho uma caminhada de um tempo, eu sou resistente e tenho que ser em muitos aspectos, não só fisicamente, que é o que as provas pedem, mas emocionalmente. Então, eu acho que essa resistência que me pressiona na vida para fazer as coisas acontecerem contou muito. Ganhar a prova de resistência diante de três homens fala muito sobre quem eu sou e sobre o modo como eu levo a vida tendo que resistir e tendo muito resiliência, sabe? Não é fácil estar nesse lugar e ser uma mulher preta, posicionada em um programa como esse e ao mesmo tempo querendo ser só quem eu sou. Eu acho que as provas de resistência me colocam em um lugar de ‘eu resisto’.
Dançar “Ragatanga” se tornou um clássico das festas do BBB. Foi diferente ouvir as músicas do Rouge no programa?
Foi diferente. A gente tem 21 anos de grupo e durante muito tempo a gente queria acessar esse lugar de conseguir estar em um espaço como a Globo, em horário nobre e cantar pra todo mundo. Então, tem um lugar muito diferente em vários aspectos. É diferente porque a gente comunica com quem já viveu aqui e com um público muito jovem que quer ouvir aquela história e que nunca soube. Ouvir não só a minha história, mas a história do Rouge é muito especial. Eu tive uma festa do líder onde eu puder cantar no karaokê e foi uma loucura. É a minha história. Eu chego até o BBB sendo a Aline do Rouge, então, isso para mim é muito importante.
A sua festa de líder fez uma grande homenagem a sua carreira. Como foi viver aquele momento e, ainda, ouvir a música que você gravou com o seu esposo no programa?
São muitas emoções. Eu queria muito que desse certo para eu ter uma festa do líder no BBB. Como eu ganhei a última prova que tinha festa, eu fiquei achando que não fosse ter. E quando eu vi que ia ser a minha festa dos anos 2000, celebrando esse momento da minha vida, foi muito especial. Eu não esperava essa música com o Igor. A gente tinha gravado e deixamos guardada. Quando ela veio daquele jeito, foi em um lugar tão grande! Depois de tanto tempo confinada, a gente perde a referência do que é real e do que está acontecendo aqui fora, de como as pessoas te leem ali dentro da casa do que eu sou realmente. Então, foi muito especial receber aquilo e ouvir as pessoas cantando. Foi um dos momentos mais importantes para mim no BBB.
A sua convivência com a Domitila foi conflituosa. Apesar de dizer que a admirava, vocês duas tiveram atritos. Como avalia o jogo dela?
Eu acho que votei na Domitila desde o primeiro paredão e, quando tive a liderança no final, eu a coloquei. Eu via no jogo dela que eu não era uma peça em potencial, e isso me incomodava porque ela não me via. Então, eu a chamava no jogo da discórdia. Eu a via acessando várias outras pessoas, embora ela não me acessasse, e isso me incomodava. Isso dentro do BBB, dentro de uma dinâmica de jogo e de relação, faz muita diferença. Mas em algum momento a gente se conectou, é claro; nós temos vivências em que a gente se conecta muito. Nós tivemos vivencias e jornadas com muitas querências e coragem de abrir espaço, não só para nós, mas para todas que vêm a partir de nós. Então, a gente se conectava em vários lugares, mas em outros não. Eu a via se posicionando e achava que não fazia sentido pra mim. E dentro do jogo é quando você precisa de posicionar, tanto é que, desde os primeiros paredões, o que não fazia sentido para mim eu levava para o jogo e me posicionava.
A Larissa voltou pela repescagem com muitas informações externas. De que forma o retorno dela mexeu com o seu jogo?
A Larissa me deu a oportunidade de mudar muita coisa no meu jogo dentro do programa. Ela sai do programa e nós temos a oportunidade de ouvir coisas que ela traz. A Larissa teve poucos dias fora, então ela trouxe só o que cada uma de nós precisava. Cabia a nós ouvir tanto o que ela trazia, quanto o que o Fred trazia, porque ele também voltou. Para a gente, era tentar ouvir, entender e reorganizar o jogo. Eu acredito que a volta da Larissa me dá oportunidade de me reorganizar no jogo e de abrir espaço para saber o que eu posso fazer de melhor, como posso me reposicionar da melhor maneira e fazer isso funcionar. Para mim, foi fundamental o momento em que ela volta e traz as informações. Além disso, a maneira como eu, ela, a Amanda e a Bruna nos unimos naquele afeto que a gente tinha para além de jogo. Já na reta final, a gente precisava contar com apoio, fortalecimento, olhar sincero, empatia. Acho que a gente conseguiu se olhar com amor nessa final e fez total diferença.
A volta da Larissa também uniu mais ainda o grupo do quarto Deserto contra o Fundo do Mar. Qual era a estratégia de vocês para eliminá-los?
A estratégia era fazer com que não fossem três de nós ao paredão. Como a gente estava em quatro e eles, em sete, a gente precisava dar um jeito de não irem três do nosso lado, senão, automaticamente, a gente perdia uma. Só que o jogo é tão dinâmico que isso pode acontecer, com um Bate e Volta, um Poder Curinga, uma votação reversa, por exemplo. O nosso foco era conseguir ter todos os poderes, de modo que a gente ficasse fortalecida e chegássemos à final.
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Você recebeu apontamentos do Fred Nicácio e de outros brothers que a viam como “planta” e falavam sobre um comportamento de omissão. Por que acha que eles tiveram essa visão?
Eu acho que são muitas coisas. Durante o programa todo, a gente teve um elenco que se julgou e se apontou muito. Eu, na minha vida, não sou essa pessoa. Eu sempre vou parar, refletir, avaliar para tentar entender o lugar da outra pessoa. Isso pode ser entendido como um fator para virar uma planta. Mas é fato que, quando o Fred volta e me diz que eu sou vista como a maior planta do Brasil, isso me coloca em um lugar de pensar: ‘Meu Deus, o que eu estou fazendo?’ ou ‘O que eu não estou fazendo que me coloca nesse lugar?’. Mas quando eu me reavalio no jogo e pessoalmente, eu percebo que eu estou sendo quem eu sou. Eu só consigo entregar, dentro do jogo, quem eu sou. Nesse BBB, muitas questões foram trazidas, tanto do jogo, quanto extra jogo. Questões raciais importantes: a gente tem metade do elenco preto esse ano. Que bom que chegou esse momento! Mas o que eu tenho em mim é: que horas que todos nós vamos poder simplesmente ser? Eu conversei sobre isso com a Sarinha. Que horas eu vou poder simplesmente poder jogar? Só ser a Aline? Porque eu sei que sou um corpo político, eu trago comigo pautas extremamente importantes para a sociedade, pautas que precisam ser faladas. A gente precisa falar, reforçar e argumentar. Mas em determinado momento eu só queria ser, assim como outras pessoas só são dentro do jogo e não precisam se preocupar com isso. Mas, para além de jogar, eu ainda preciso me posicionar como uma mulher preta. Então, isso me causou muitas inquietações dentro do jogo, me desestruturou, me causou confusão. E agora, pelo pouco que eu conversei com as pessoas que me amam, isso foi um questionamento muito grande aqui fora. E acho que temos que falar muito sobre isso. Eu tenho que me posicionar, mas todo mundo também tem. Esse é um movimento que tem que ser para todos nós, porque senão pesa para um lado só, que já está pesado demais. O que mais fica para mim é: eu só queria jogar, só ser, existir, falar. Tem muitas questões que ainda estou tentando entender e absorver, mas o que fica é isso.
Parte do público questionou alguns posicionamentos da Bruna que você defendeu durante o confinamento, como no episódio recente com o Cezar. Como você avalia essa questão?
É complicada, porque, como falei, ainda estou tentando entender tudo o que aconteceu. São várias ramificações de temas muito importantes que temos que olhar com muita seriedade e cada um no seu lugar. Quando eu me posicionei ali em relação ao Black, que era uma questão que eu já tinha me posicionado a partir de coisas que eu observava nele – e não só nele, mas no elenco como um todo, inclusive eu – foi sobre a gente ser um elenco machista. Quando eu me posiciono com o Black, e quando a Bruna também discute, as coisas se misturam. O Black tinha acabado de mudar de quarto e, no jogo da discórdia, ele se posiciona em relação ao que a Larissa tinha trazido. Foi só mais uma pauta, mais um gatilho. Se eu estava certa ou errada, eu não sei. Não tem como saber, mas eu fui movida pelo que estava acontecendo ali na hora e pelo que eu tinha. A gente não sabe o que acontece no entorno, são muitas câmeras. A Bruna e o Black são duas pessoas que, durante o programa, eu pontuei coisas que eu achei que deveriam ser olhadas pelos dois. Eu amo a Bruna e amo o Black. Vejo coisas incríveis na Bruna e vejo coisas incríveis no Black. Eu entendi que, provavelmente, fui muito julgada nesse lugar, mas foi o que eu vi naquele momento.
Faria algo diferente no BBB se tivesse a chance?
Não faria absolutamente nada de diferente. Eu sou a vice-campeã. Nós entramos em 22 pessoas; eu olhava e achava que ia dar tudo errado. Chegar nesse lugar com consciência e me reconhecendo em cada passo que eu dei, é muito valioso. Eu me fragilizei, eu pensei em desistir, eu tive medo, eu me questionei se estava fazendo a coisa certa. Eu deixei o meu filho do lado de fora, eu deixei 20 anos de muitas coisas construídas com muito suor para acreditar em um sonho. Então, se eu chego até aqui, é porque eu fui quem eu sou. Essa é a Aline. Quem viu diz que sou eu, então é um presente. Não me arrependo de nada.
O que mudou na Aline que entrou na casa para a Aline que deixou o reality ontem?
Tudo! Para além de um programa de entretenimento, o BBB é um programa que reflete a nossa sociedade, como a gente se vê, como a gente se olha. A gente tem a oportunidade de quem está fora se identificar com quem está dentro. Eu entrei com muitas dúvidas. Eu tenho uma história de mais de 20 anos que está sendo construída. Cada oportunidade para mim é muito importante. E não é porque eu tenho 21 anos de história que eu consegui o meu lugar ao sol. Não, eu estou todo dia na raça para conseguir fazer aquilo que eu amo. Eu entro uma Aline que acredita, que busca sonhos; e saio dizendo para as pessoas, principalmente para mulheres como eu, sonharem. Ousem sonhar. Esse lugar é imposto para gente dentro da sociedade, então, sonhar para mim é importante. A gente precisa de oportunidade e o BBB foi uma grande oportunidade como artista, financeiramente. Saio uma mulher muito mais empoderada, muito mais dona de mim e em paz com aquilo que eu sou. Porque também era um proposito me conectar com o público sendo aquilo que eu sou. Eu estou muito feliz e muito grata.
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Quais são seus planos daqui para frente? Pretende seguir na música e/ou investir na carreira de atriz?
Eu não sei (risos). Eu sou cantora, comunicadora, apresentadora, atriz… Onde tem um espaço, onde eu consigo me organizar, vou e faço. Eu sou artista e é o que eu amo fazer. Depois de tantos anos, ter a oportunidade de me reposicionar no mercado, é muito incrível. Eu estou muito aberta a muitas coisas. Espero que venham coisas incríveis em que eu possa me desafiar e ser feliz primordialmente.